quarta-feira, 13 de outubro de 2010

EMEL

Texto entregue em mão na loja da EMEL, empresa que gere o estacionamento de superfície em Lisboa.
Segundo me foi dito pela simpática senhora que me atendeu, posso contar com uns três meses de espera pela resposta, se esta for emitida dentro do prazo habitual.
Espero eu, também, que nesse entre-tempo ninguém seja seriamente ferido neste local.
E eles que esperem também por mim, que lá pelo Natal tratarei de saber algo sobre o assunto, se esse for o caso.


“Ao fundo da Av. Casal Ribeiro o passeio foi ocupado com o tapume de uma obra. Foi colocada sinalização vertical e horizontal para indicar o desvio dos peões.
Acontece que, em seguindo esse desvio, são os peões conduzidos à faixa central onde não podem caminhar por estar ocupada por automóveis estacionados nos lugares devidos e por vós cobrados.
Assim sendo, sugiro que anulem esses lugares, permitindo o trânsito a peões ou, em alternativa, que seja colocado um corredor de segurança, balizado, onde os peões possam caminhar.”


Texto e imagem: by me
(Propositadamente, este texto foi escrito à revelia do novo acordo ortográfico)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

À porta da esquadra

Eu até nem costumo caminhar por aqui. Mas o tempo estava bom, eu não tinha pressa e queria ir fazer umas fotografias ali à junta de freguesia.
E, quando dei por mim, não consegui passar: mesmo à porta da esquadra de polícia estava a moto que aqui se vê, barrando o caminho aos peões.
Achei que era demais. De uma forma ou de outra, e mesmo não gostando, vamos estando habituados aos passeios selvaticamente, e à margem da lei, ocupados por viaturas. Mas mesmo à porta da esquadra de polícia ultrapassava todos os limites do tolerável!
Entrei na esquadra e, quando o agente de serviço me questionou sobre o que ali me levava, expliquei-lhe que queria passar e não podia.
“Onde?”, perguntou ele.
“Ali mesmo à vossa porta. Aquela moto não me deixa espaço para caminhar no passeio.”
Saiu ele do edifício e, com um à-vontade que então estranhei, dirigiu-se-lhe, endireitou o guiador e, fazendo equilíbrio do lado de cá, que é um declive, e encolhendo a barriga do outro, por via do murete baixo, deu umas três ou quatro voltas em torno da moto.
De regresso a junto a mim, disse-me:
“Vê? Eu passei à-vontade, e peso 106 quilos!”
E regressou ao interior da esquadra.
Confesso que fiquei sem resposta.
Da ineficácia, do fechar de olhos, da tolerância policial, todos temos consciência e já o constatámos pessoalmente.
Agora que ironizem e que brinquem connosco quando nos queixamos de uma ilegalidade, é bem mais do que o cidadão comum pode esperar.
Ainda estive para o seguir ao seu posto de trabalho, pedir-lhe a identificação e chamar pelo graduado de serviço, a quem apresentaria uma queixa formal da moto estacionada e outra do comportamento do seu subordinado. Mas dentro de uma esquadra, queixarmo-nos de um agente que ali está de serviço não é, certamente, das coisas mais salutares que podemos fazer. Fiquei-me pelo registo fotográfico.
Mal tinha tido tempo de fazer esta única que aqui se vê quando sai da esquadra um homem que, junto à moto, sorriu para mim, pôs o capacete, subiu para ela e abalou.
Conclui que tinha, de facto, feito o melhor. Enfrentar o corporativismo policial no seu terreno não é, certamente, a melhor coisa a fazer em prol da saúde, mais a mais quando acontece no nosso bairro de residência.
Fica o relato, a identificação do veículo, que a tenho, e o fazer chegar este episódio ao comando da PSP.
Esqueceram-se, estes agentes, que o direito à indignação e ao protesto é inalienável. Tal como se esqueceram que são funcionários públicos e que quando um cidadão a eles se dirige é suposto responderem com a urbanidade que a sua farda e função exigem.

Texto e imagem: by me